sexta-feira, 26 de janeiro de 2018

São Timóteo e São Tito



REZANDO COM O EVANGELHO DO DIA

(LECTIO DIVINA)

Frei Carlos Mesters, O.Carm.

26 de Janeiro - São Timóteo e São Tito - Bispos

1) Oração

Ó Deus, que ornastes são Timóteo e são Tito com as virtudes dos apóstolos, concedei-nos, pela intercessão de ambos, viver neste mundo com piedade e justiça, para chegar ao céu, nossa pátria. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

2) Leitura do Evangelho segundo Lucas (Lc 11,1-9)

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas 10,1-9
Naquele tempo:
1O Senhor escolheu outros setenta e dois discípulos e os enviou dois a dois, na sua frente, a toda cidade e lugar aonde ele próprio devia ir.
2E dizia-lhes: "A messe é grande, mas os trabalhadores são poucos.
Por isso, pedi ao dono da messe que mande trabalhadores para a colheita.
3Eis que vos envio como cordeiros para o meio de lobos.
4Não leveis bolsa, nem sacola, nem sandálias, e não cumprimenteis ninguém pelo caminho!
5Em qualquer casa em que entrardes, dizei primeiro: `A paz esteja nesta casa!'
6Se ali morar um amigo da paz, a vossa paz repousará sobre ele; se não, ela voltará para vós.
7Permanecei naquela mesma casa, comei e bebei do que tiverem, porque o trabalhador merece o seu salário.
Não passeis de casa em casa.
8Quando entrardes numa cidade e fordes bem recebidos, comei do que vos servirem,
9curai os doentes que nela houver e dizei ao povo:
`O Reino de Deus está próximo de vós'".
Palavra da Salvação.

3) Reflexão  - Lc 10,1-9

Contexto. O capítulo 10 do qual o nosso texto é o começo, tem um caráter de revelação. Em 9,51, é dito que Jesus "tomou a firme decisão de começar uma viagem em direção a Jerusalém." Este caminho, expressão do seu ser filial, é caracterizado por uma dupla ação: está intimamente unido ao “ser tirado” de Jesus (v. 51), a sua "vinda", mediante o envio dos seus discípulos (V. 52): há uma ligação no duplo movimento: " ser tirado do mundo" para ir ao Pai, e ser enviado aos homens.
Na verdade, acontece que, por vezes, o mensageiro não é aceito (9,52 e, portanto, deve aprender a ser "entregue", sem se deixar desanimar pela recusa dos homens (9,54-55).
Três cenas curtas fazem o leitor a compreender o que significa seguir a Jesus que vai a Jerusalém para ser retirado do mundo. Na primeira cena é apresentado a um homem que quer seguir Jesus onde quer que vá; Jesus convida-o a abandonar tudo o que proporciona bem-estar e segurança. Aqueles que querem segui-lo devem compartilhar o seu destino de nômade.
Na segunda cena é Jesus quem toma a iniciativa e chama um homem cujo pai acabou de morrer. O homem pede um tempo para cumprir com o seu dever de enterrar o pai. A urgência de proclamar o reino supera esse dever: a preocupação de enterrar os mortos é inútil, porque Jesus vai além das portas da morte e o exige inclusive para aqueles que o seguem.
Finalmente na terceira cena é apresentado a um homem que se oferece para seguir Jesus, mas apresenta uma condição: despedir-se antes de seus pais. Entrar no reino não admite atrasos. Após esta tríplice renúncia, a expressão de Lc 9,62: "Quem põe a mão no arado e olha para trás, não serve para o Reino de Deus."  introduz o tema do capítulo 10.
A dinâmica do relato. O trecho, que é o objeto de nossa meditação, começa com expressões bastante densas. A primeira: "Depois disto”, se refere à oração de Jesus e à sua firme decisão de ir a Jerusalém. A segunda relaciona-se com o verbo "designar": "designou  setenta e dois outros discípulos e mandou-os ..." (10,1), onde se especifica que os mandou adiante de si, ou seja, com a mesma resolução que ele se encaminha para Jerusalém.
As recomendações, que Jesus lhes dá antes do envio, são um convite para estar cientes da realidade em que eles são enviados: colheita abundante em contraste com o pequeno número de operários. O Senhor da colheita chega com toda a sua força, mas a alegria desta chegada é dificultada pelo pequeno número de operários. Daí o convite categórico à oração: "Rogai ao Senhor da messe que mande operários para a sua messe" (v. 2). A iniciativa de enviar em missão é de responsabilidade do Pai, mas Jesus transmite a ordem: "Ide", e, em seguida, indica como seguir (vv. 4-11). Ela começa com o equipamento: sem bolsa, nem alforje, nem sandálias. Estes elementos denotam a fragilidade daquele que é enviado e a sua dependência da ajuda que recebe do Senhor e dos habitantes da cidade.
As prescrições positivas são sintetizadas em primeiro lugar na chegada à casa (vv. 5-7) e, em seguida, no êxito na cidade (vv. 8-11). Em ambos os casos não se exclui a rejeição. A casa é o primeiro lugar onde os missionários tem os primeiros intercâmbios, os primeiros relacionamentos, valorizando os gestos humanos de comer, beber e descansar, como mediações simples e comuns para comunicar o evangelho. A "paz" é o dom que precede a missão deles, ou seja, a plenitude da vida e relacionamentos, e a alegria verdadeira e real é o sinal que marca a chegada do Reino. Não é necessário buscar conforto, é essencial ser acolhido. A cidade torna-se, no entanto, o maior campo de missão: ali se desenvolve a vida, a atividade política, a possibilidade de conversão, de aceitação ou rejeição.

4) Para confronto pessoal

1)  Todos os dias, você é enviado pelo Senhor para anunciar o Evangelho aos seus íntimos (a casa) e aos homens (da cidade). Você está assumindo um estilo pobre, essencial, no testemunho de sua identidade como um cristão?
2) Você está ciente de que o sucesso de seu testemunho não depende de sua capacidade individual, mas somente do Senhor que envia e da sua disponibilidade?

5) Oração final

Foste tu que criaste minhas entranhas
e me teceste no seio de minha mãe.
Eu te louvo porque me fizeste maravilhoso;
são admiráveis as tuas obras. (Sl 138, 13-14)