quinta-feira, 21 de novembro de 2013

21 de Novembro - Apresentação de Nossa Senhora


REZANDO COM O EVANGELHO DO DIA

(LECTIO DIVINA)

Frei Carlos Mesters, O.Carm.

21 de Novembro - Apresentação de Nossa Senhora


Ícone de Nossa Senhora da Apresentação


1) Oração

Ao celebrarmos, ó Deus, a gloriosa memória da santa virgem Maria, concedei-nos, por sua intercessão, participar da plenitude da vossa graça. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.


2) Leitura do Evangelho (Mt 12,46-50)

Naquele tempo, 46enquanto Jesus falava à multidão,  sua mãe e seus irmãos ficaram do lado de fora procurando falar com ele. 47Disse-lhe alguém: Tua mãe e teus irmãos estão aí fora, e querem falar-te. 48Jesus respondeu-lhe: Quem é minha mãe e quem são meus irmãos? 49E, apontando com a mão para os seus discípulos, acrescentou: Eis aqui minha mãe e meus irmãos. 50Todo aquele que faz a vontade de meu Pai que está nos céus, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe.

3) Reflexão

A família de Jesus. Os parentes chegam à casa onde Jesus está. Provavelmente chegavam de Nazaré. De lá para Cafarnaum são uns 40 km. Sua mãe estava com eles. Não entram, mas enviam um recado: "Tua mãe e teus irmãos estão aí fora, e querem falar-te”. A reação Jesus é firme: “Quem é minha mãe e quem são meus irmãos?" E, apontando com a mão para os seus discípulos, acrescentou: Eis aqui minha mãe e meus irmãos. Todo aquele que faz a vontade de meu Pai que está nos céus, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe.” Para entender bem o significado desta resposta deve-se olhar para a situação da família no tempo de Jesus.
• No antigo Israel, o clã, ou seja, a grande família (a comunidade) era a base da convivência social. Era a proteção das famílias e das pessoas, a garantia da posse da terra, o fluxo principal da tradição, a defesa da identidade. Era a maneira concreta de que as pessoas da época tinham a encarnar o amor de Deus no amor ao próximo. Defender o clã era o mesmo que defender a Aliança.
• Na Galiléia no tempo de Jesus, por causa do sistema implantado durante o longo governo de Herodes, o Grande (37 aC a 4 aC) e seu filho Herodes Antipas (4 aC a 39 dC), o clã (a comunidade) estava se enfraquecendo. Devia-se pagar impostos tanto para o governo como para o Templo, a dívida pública crescia, dominava a mentalidade individualista da ideologia helenista, havia freqüentes ameaças de repressão violenta da parte dos romanos, a obrigação de acolher os soldados e dar-lhes hospitalidade, os problemas cada vez maiores da sobrevivência, tudo isto levava as famílias fecharem-se em suas próprias necessidades. Este fechamento era reforçado pela religião da época. Por exemplo, quem dava a sua herança para o Templo, eles poderiam deixar seus pais sem ajuda. Isso enfraqueceu o quarto mandamento, que era a dobradiça do clã (Mc 7,8-13). Além disso, a observância das normas de pureza era fator de marginalização de muitas pessoas: mulheres, crianças, samaritanos, estrangeiros, leprosos, endemoniados, publicanos, doentes, aleijados, paralíticos.
• E assim, a preocupação com os problemas da própria família impedia que as pessoas se unissem em comunidade. Então, para que o Reino de Deus pudesse manifestar-se na vida comunitária do povo, as pessoas tinham de ir além dos limites estreitos da pequena família e abrir-se novamente para a grande família, para a Comunidade. Jesus nos dá o exemplo. Quando sua família tentou agarrá-lo, reagiu e alargou o sentido da família: "Quem é minha mãe e quem são meus irmãos?" E, estendendo a mão para os seus discípulos, disse: "Aqui estão minha mãe e meus irmãos. Pois quem faz a vontade de meu Pai que está nos céus é meu irmão, minha irmã e minha mãe ". Criou comunidade.
• Jesus pedia o mesmo para todos os que queiram segui-lo. As famílias não poderiam fechar-se em si mesmas. Os excluídos e marginalizados deviam ser recebidos dentro da convivência e, assim, se sentir acolhidos por Deus (cf. Lc 14,12-14). Este era o caminho para alcançar o objetivo da Lei que dizia: "Não deve haver pobres entre vós" (Dt 15,4). Como os grandes profetas do passado, Jesus procurava fortalecer a vida comunitária nas aldeias da Galiléia. Ele retoma o sentido mais profundo do clã, família, da comunidade, como expressão da encarnação do amor de Deus no amor ao próximo.

4) Para um confronto pessoal
• Viver a fé em comunidade. Qual é o lugar e a influência das comunidades em minha maneira de viver a fé?
• Hoje, em grandes cidades, a massificação promove o individualismo que é contrário da vida em comunidade. O que estou fazendo para combater este mal?


5) Oração final

Cântico evangélico Lc 1,46-55

Ant. – Santa Maria, sempre Virgem, Mãe de Deus, Senhora nossa; sois o templo do Senhor, santuário do Espírito! Mais que todas as gerações agradastes a Jesus, nosso Senhor.

– 46 A minha alma engrandece ao Senhor * 
47 e exulta meu espírito em Deus, meu Salvador;

– 48 porque olhou para humildade de sua serva, * 
doravante as gerações hão de chamar-me de bendita.


– 49 O Poderoso fez em mim maravilhas * 
e Santo é o seu nome!
 
– 50 Seu amor para sempre se estende * 
sobre aqueles que o temem;


– 51 manifestou o poder de seu braço, * 
dispersou os soberbos;
 
– 52 derrubou os poderosos de seus tronos * 
e elevou os humildes;
53 saciou de bens os famintos, * 
despediu os ricos sem nada.
54 Acolheu Israel, seu servidor, * 
fiel ao seu amor,
 

– 55 como havia prometido a nossos pais, * 
em favor de Abraão e de seus filhos, para sempre.
 

– Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo. * 
Como era no princípio, agora e sempre. Amém
Ant. – Santa Maria, sempre Virgem, Mãe de Deus, Senhora nossa; sois o templo do Senhor, santuário do Espírito! Mais que todas as gerações agradastes a Jesus, nosso Senhor.




Sobre a Apresentação de Nossa Senhora

A memória que a Igreja celebra hoje não encontra fundamentos explícitos nos Evangelhos Canônicos, mas algumas pistas no chamado proto-evangelho de Tiago, ou ainda, História do nascimento de Maria. A validade do acontecimento que lembramos possui real alicerce na Tradição que a liga à Dedicação da Igreja de Santa Maria Nova, construída em 543, perto do templo de Jerusalém. Celebra-se a “dedicação” que Maria fez de si mesma a Deus, já desde a infância, movida pelo Espírito Santo que a encheu de graça desde a sua imaculada conceição.

Segundo uma piedosa tradição, Maria Santíssima, tendo apenas três anos de idade, foi pelos  pais, em cumprimento de uma promessa, levada ao templo, para ali, com outras meninas, receber educação adequada  à sua idade e  posição. A Igreja oriental distinguiu este fato com as honras de uma festa litúrgica. A Igreja ocidental conhece a comemoração da Apresentação de Nossa Senhora desde o século VIII. Estabelecida primeiramente pelo Papa Gregório XI, em 1372, só para a corte papal, em Avignon, em 1585, Sixto V ordenou que fosse celebrada em toda a Igreja.
Tanto no Oriente, quanto no Ocidente trata-se de uma celebração mariana nascida do meio do povo. Foi acolhida pela Liturgia Católica com a finalidade de exaltar a Jesus através daquela muito bem soube isto fazer com a vida, como partilha Santo Agostinho, em um dos seus Sermões:
“Acaso não fez a vontade do Pai a Virgem Maria, que creu pela fé, pela fé concebeu, foi escolhida dentre os homens para que dela nos nascesse a salvação; criada por Cristo antes que Cristo nela fosse criado? Fez Maria totalmente a vontade do Pai e por isto mais valeu para ela ser discípula de Cristo do que mãe de Cristo; maior felicidade gozou em ser discípula do que mãe de Cristo. E assim Maria era feliz porque já antes de dar à luz o Mestre, trazia-o na mente”.
Foi no dia 21 de novembro de 1964 – dia comemoração da Apresentação de Nossa Senhora - que o Papa Paulo VI, na clausura da 3ª Sessão do Concílio Vaticano II, consagrou o mundo ao Coração de Maria e declarou Nossa Senhora Mãe da Igreja.
Nossa Senhora da Apresentação, rogai por nós!