REZANDO COM O EVANGELHO DO DIA
(LECTIO DIVINA)
Frei Carlos Mesters, O.Carm.
26 de Janeiro - São Timóteo e São Tito - Bispos
1) Oração
Ó Deus, que ornastes são Timóteo e são Tito com
as virtudes dos apóstolos, concedei-nos, pela intercessão de ambos, viver neste
mundo com piedade e justiça, para chegar ao céu, nossa pátria. Por Nosso Senhor
Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho segundo Lucas (Lc 11,1-9)
Proclamação do
Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas 10,1-9
Naquele tempo:
1O Senhor escolheu outros setenta e dois discípulos e
os enviou dois a dois, na sua frente, a toda cidade e lugar aonde ele próprio
devia ir.
2E dizia-lhes: "A messe é grande, mas os
trabalhadores são poucos.
Por isso, pedi ao dono da messe que mande
trabalhadores para a colheita.
3Eis que vos envio como cordeiros para o meio de
lobos.
4Não leveis bolsa, nem sacola, nem sandálias, e não
cumprimenteis ninguém pelo caminho!
5Em qualquer casa em que entrardes, dizei primeiro: `A
paz esteja nesta casa!'
6Se ali morar um amigo da paz, a vossa paz repousará
sobre ele; se não, ela voltará para vós.
7Permanecei naquela mesma casa, comei e bebei do que
tiverem, porque o trabalhador merece o seu salário.
Não passeis de casa em casa.
8Quando entrardes numa cidade e fordes bem
recebidos, comei do que vos servirem,
9curai os doentes que nela houver e dizei ao povo:
`O Reino de Deus está próximo de vós'".
Palavra
da Salvação.
3) Reflexão - Lc 10,1-9
• Contexto.
O capítulo 10 do qual o nosso texto é o começo, tem um caráter de revelação. Em
9,51, é dito que Jesus "tomou a firme decisão de começar uma viagem em
direção a Jerusalém." Este caminho, expressão do seu ser filial, é
caracterizado por uma dupla ação: está intimamente unido ao “ser tirado” de
Jesus (v. 51), a sua "vinda", mediante o envio dos seus discípulos
(V. 52): há uma ligação no duplo movimento: " ser tirado do mundo"
para ir ao Pai, e ser enviado aos homens.
Na verdade, acontece que, por vezes, o
mensageiro não é aceito (9,52 e, portanto, deve aprender a ser
"entregue", sem se deixar desanimar pela recusa dos homens (9,54-55).
Três cenas curtas fazem o leitor a
compreender o que significa seguir a Jesus que vai a Jerusalém para ser
retirado do mundo. Na primeira cena é apresentado a um homem que quer seguir
Jesus onde quer que vá; Jesus convida-o a abandonar tudo o que proporciona
bem-estar e segurança. Aqueles que querem segui-lo devem compartilhar o seu
destino de nômade.
Na segunda cena é Jesus quem toma a
iniciativa e chama um homem cujo pai acabou de morrer. O homem pede um tempo
para cumprir com o seu dever de enterrar o pai. A urgência de proclamar o reino
supera esse dever: a preocupação de enterrar os mortos é inútil, porque Jesus
vai além das portas da morte e o exige inclusive para aqueles que o seguem.
Finalmente na terceira cena é
apresentado a um homem que se oferece para seguir Jesus, mas apresenta uma
condição: despedir-se antes de seus pais. Entrar no reino não admite atrasos.
Após esta tríplice renúncia, a expressão de Lc 9,62: "Quem põe a mão no arado e olha para trás, não serve para o Reino
de Deus." introduz o tema do
capítulo 10.
• A dinâmica do
relato. O trecho, que é o objeto de nossa meditação, começa com expressões
bastante densas. A primeira: "Depois disto”, se refere à oração de Jesus e
à sua firme decisão de ir a Jerusalém. A segunda relaciona-se com o verbo
"designar": "designou setenta e dois outros discípulos e mandou-os ..." (10,1), onde se especifica que os mandou
adiante de si, ou seja, com a mesma resolução que ele se encaminha para
Jerusalém.
As recomendações, que Jesus lhes dá antes do envio,
são um convite para estar cientes da realidade em que eles são enviados:
colheita abundante em contraste com o pequeno número de operários. O Senhor da
colheita chega com toda a sua força, mas a alegria desta chegada é dificultada
pelo pequeno número de operários. Daí o convite categórico à oração: "Rogai ao Senhor da messe que mande operários para
a sua messe" (v. 2). A
iniciativa de enviar em missão é de responsabilidade do Pai, mas Jesus
transmite a ordem: "Ide", e, em seguida, indica como seguir (vv.
4-11). Ela começa com o equipamento: sem bolsa, nem alforje, nem sandálias.
Estes elementos denotam a fragilidade daquele que é enviado e a sua dependência
da ajuda que recebe do Senhor e dos habitantes da cidade.
As
prescrições positivas são sintetizadas em primeiro lugar na chegada à casa (vv.
5-7) e, em seguida, no êxito na cidade (vv. 8-11). Em ambos os casos não se
exclui a rejeição. A casa é o primeiro lugar onde os missionários tem os
primeiros intercâmbios, os primeiros relacionamentos, valorizando os gestos
humanos de comer, beber e descansar, como mediações simples e comuns para
comunicar o evangelho. A "paz" é o dom que precede a missão deles, ou
seja, a plenitude da vida e relacionamentos, e a alegria verdadeira e real é o
sinal que marca a chegada do Reino. Não é necessário buscar conforto, é
essencial ser acolhido. A cidade torna-se, no entanto, o maior campo de missão:
ali se desenvolve a vida, a atividade política, a possibilidade de conversão,
de aceitação ou rejeição.
4) Para confronto pessoal
1)
Todos os dias, você é enviado pelo Senhor para
anunciar o Evangelho aos seus íntimos (a casa) e aos homens (da cidade). Você
está assumindo um estilo pobre, essencial, no testemunho de sua identidade como
um cristão?
2) Você está ciente de que o sucesso de seu
testemunho não depende de sua capacidade individual, mas somente do Senhor que
envia e da sua disponibilidade?
5) Oração final
Foste tu que criaste minhas entranhas
e me teceste no seio de minha mãe.
Eu te louvo porque me fizeste maravilhoso;
são admiráveis as tuas obras.
(Sl 138, 13-14)