REZANDO COM O EVANGELHO DO DIA
Pe. Thomaz Hughes, SVD
2 de Novembro - COMEMORAÇÃO DOS FIÉIS DEFUNTOS
Oração do dia
Ó Deus, escutai
com bondade as nossas preces e aumentai a nossa fé em Cristo ressuscitado, para
que sejam mais via a nossa esperança na ressurreição dos vossos filhos e
filhas. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito
Santo.
Leitura: Segundo Livro dos Macabeus (2Mac 12,42-45)
Os homens do exército de Judas Macabeu 12,42 puseram-se em oração, pedindo que o pecado cometido
[pelos soldados mortos na batalha] fosse completamente cancelado. Quanto ao
valente Judas, exortou o povo a se conservar sem pecado, pois tinham visto com
os próprios olhos o que acontecera por causa do pecado dos que haviam sido
mortos. 43 Depois, tendo organizado uma coleta individual, que chegou a perto
de duas mil dracmas de prata, enviou-as a Jerusalém, a fim de que se oferecesse
um sacrifício pelo pecado: agiu assim, pensando muito bem e nobremente sobre a
ressurreição. 44 De fato, se ele não tivesse esperança na ressurreição dos que
tinham morrido na batalha, seria supérfluo e vão orar pelos mortos. 45 Mas,
considerando que um ótimo dom da graça de Deus está reservado para o que
adormecem piedosamente na morte, era santo e piedoso o seu modo de pensar. Eis
por que mandou fazer o sacrifício expiatório pelos falecidos, a fim de que fossem
absolvidos do seu pecado. Palavra do Senhor.
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
É esta a
vontade de quem me enviou: que eu não perca nenhum dos que ele meu deu, mas que
eu os ressuscite no último dia (Jo 6,39).
EVANGELHO (João 6,37-40)
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo João.
Naquele tempo, 6,37
Disse Jesus: “Todo aquele que o Pai me dá virá a mim, e o que vem a mim não o
lançarei fora. 38 Pois desci do céu não para fazer a minha vontade,
mas a vontade daquele que me enviou. 39 Ora, esta é a vontade
daquele que me enviou: que eu não deixe perecer nenhum daqueles que me deu, mas
que os ressuscite no último dia. 40 Esta é a vontade de meu Pai: que
todo aquele que vê o Filho e nele crê, tenha a vida eterna; e eu o
ressuscitarei no último dia”. Palavra da Salvação.
COMENTÁRIO
A celebração de hoje, de enorme importância na prática religiosa do
povo brasileiro, deve ser vista em relação com a de ontem, dia 1 de novembro -
a Festa de Todos os Santos. É a grande celebração da “Comunhão dos Santos” -
nós, a Igreja peregrina, ontem comemoramos a Igreja já vivendo a plenitude de
vida com Deus; e hoje comemoramos a Igreja ainda em processo de purificação (a
palavra “purgatório” vem do termo latino que significa “purificar” e não
“sofrer”). No fundo, celebramos o imenso amor de Deus para conosco, todos
participantes daquilo que celebramos todos os domingos no Credo quando
declaramos que acreditamos, “Na Comunhão dos Santos, na Ressurreição da Carne e
na Vida eterna”.
Embora para muitas pessoas a celebração de hoje traga sentimentos de
tristeza, pois suscita lembranças e saudades dos seus entes queridos já
falecidos, realmente é uma celebração de esperança e confiança na bondade, no
perdão e no amor de Deus. A primeira leitura de hoje, tirada do II Macabeus 12,
43-46, lembra que o líder judeu, Judas Macabeu, organizou uma coleta para custear
sacrifícios oferecidos pela descanso eterno dos mortos, recebendo assim um
elogio do autor do livro junto com o comentário “...belo e santo modo de agir,
decorrente da sua crença na ressurreição!
Pois, se ele não julgasse que os mortos ressuscitariam, teria sido vão e
supérfluo rezar por eles. Mas, se
ele acreditava que uma belíssima recompensa aguarda os que morrem piedosamente,
era esse um bom e religioso pensamento.
Eis porque ele pediu um sacrifício expiatório para que os mortos fossem
livres de seus faltas”.
Nada deve marcar tanto a vida do cristão quanto a sua fé na
Ressurreição. É o fundamento de
tudo. Paulo, polemizando com a
elite da comunidade de Corinto, que, influenciada pela filosofia grega, negava
a realidade da Ressurreição do corpo (embora aceitasse a imortalidade da alma,
o que é diferente) insiste: “Se não há ressurreição dos mortos, então Cristo
não ressuscitou. E se Cristo não
ressuscitou, a nossa pregação é vazia e a nossa fé em vão. Se os mortos não ressuscitam, Cristo
não ressuscitou. E se Cristo não
ressuscitou, a sua fé não vale nada e estão ainda no seu pecado” (I Cor 15,13-18). Não há reencarnação, nem
somente imortalidade da alma, mas a ressurreição do corpo – seguindo Cristo,
passamos pela morte e continuamos vivos como ele, Primogênito dos mortos, em uma vida plena com Deus. Por isso, hoje torna-se, apesar dos sentimentos
de saudade e tristeza que são naturais, a celebração do fundamento da nossa fé
– a morte foi vencida, o mal é um derrotado, o pecado foi derrubado e
celebramos o grande dom de Deus – que vamos participamos na sua vida plena e
eterna!
Nem sempre o Povo de Deus tinha esta fé – até quase o tempo dos
Macabeus, uns 200 anos antes de Jesus, se acreditava no Sheol – a “mansão dos
mortos”, destino final de todos, lugar sem vida, sem felicidade. Por isso se acreditava muito na
“teologia de retribuição” – ou seja, que Deus recompensa os bons já nesta vida
com riquezas, saúde e prosperidade enquanto castiga os injustos com doenças,
pobreza e morte precoce. Mas entre
os sofridos nasceu um grande questionamento – isso não se verifica na verdade
das nossas vidas. Muitas vezes os
justos sofrem, são perseguidos e carecem de tudo enquanto os malvados se enriquecem
e prosperam. Assim, devagar,
nasceu a fé na ressurreição dos mortos, onde a justiça de Deus se manifesta e
onde o destino dos justos, apesar dos seus erros e falhas, é participar da vida
plena de Deus. Assim, Jesus conclama, na Evangelho de hoje, todos os que sofrem
para que ouçam a aceitem a sua mensagem de fé no Deus misericordioso,
compassivo, de perdão e amor, e rejeitem o que foi muitas vezes pregado pela
religião oficial do seu tempo – que os pobres e doentes são os rejeitados por
Deus enquanto os prósperos e abastados são abençoados. Jesus convida a todos para que assumamos
a sua “Boa nova” e lutemos por um mundo de vida para todos, pois ele veio para
que todos - e não somente os privilegiados pela sociedade materialista e
excludente – tivessem “a vida e a vida em abundância” (cf Jo 10,10).
Salmo 26/27
O Senhor é minha luz e
salvação.
O Senhor é minha luz e salvação;
De quem eu terei medo?
O Senhor é a proteção da minha vida;
Perante quem eu tremerei?
O Senhor é minha luz e
salvação.
Ao Senhor eu peço apenas uma coisa,
E é só isto que eu desejo:
Habitar no santuário do Senhor
Por toda a minha vida;
Saborear a suavidade do Senhor
E contempla-lo no seu templo.
O Senhor é minha luz e
salvação.
Ó Senhor, ouvi a voz do meu apelo,
Atendei por compaixão!
É vossa face que eu procuro.
Não afasteis em vosso ira o vosso servo,
Sóis vós o meu auxílio!
O Senhor é minha luz e
salvação.
Sei que a bondade do Senhor eu hei de ver
Na terra dos viventes.
Espera no Senhor e tem coragem,
Espera no
Senhor!
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