REZANDO COM O EVANGELHO DO DIA
(LECTIO DIVINA)
Frei Carlos Mesters, O.Carm.
21 de Setembro - São Mateus, Apóstolo e Evangelista
1) Oração
Ó Deus, que na vossa
inesgotável misericórdia escolhestes o publicano Mateus para torná-lo apóstolo,
dai-nos, por sua oração e exemplo, a graça de vos seguir e permanecer sempre
convosco. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito
Santo.
2) Leitura do Evangelho (Mt 9, 9-13)
Naquele
tempo, 9Partindo dali, Jesus viu um homem chamado Mateus, sentado na
coletoria de impostos, e lhe disse: "Siga-me!" Ele se levantou, e
seguiu a Jesus.
10Estando Jesus à mesa em casa de Mateus, muitos
cobradores de impostos e pecadores foram e sentaram-se à mesa com Jesus e seus
discípulos.
11Alguns fariseus viram isso, e perguntaram aos
discípulos: "Por que o mestre de vocês come com os cobradores de impostos
e os pecadores?"
12Jesus ouviu a pergunta e respondeu: "As
pessoas que têm saúde não precisam de médico, mas só as que estão doentes.
13Aprendam,
pois, o que significa: 'Eu quero a misericórdia e não o sacrifício'. Porque eu
não vim para chamar justos, e sim pecadores."
3) Reflexão
* Mateus 9,9: O chamado para seguir Jesus.
As primeiras pessoas chamadas para seguir Jesus eram
quatro pescadores, todos judeus (Mt 4,18-22). Agora, Jesus chama um publicano,
considerado pecador e tratado como impuro pelas comunidades mais observantes
dos fariseus. Nos outros evangelhos, este publicano se chama Levi. Aqui, o nome
dele é Mateus que significa dom de Deus
ou dado por Deus. As comunidades, em
vez de excluir o publicano como impuro, devem considerá-lo como um Dom de Deus para a comunidade, pois a
presença dele faz com que a comunidade se torne sinal de salvação para todos!
Como os primeiros quatro chamados, assim o publicano Mateus larga tudo que tem
e segue Jesus. O seguimento de Jesus exige ruptura. Mateus largou a coletoria,
sua fonte de renda, e foi atrás de Jesus!
* Mateus 9,10: Jesus senta à mesa junto com
pecadores e publicanos
Naquele tempo, os judeus viviam separados dos pagãos e
dos pecadores e não comiam com eles na mesma mesa. Os judeus cristãos deviam
romper este isolamento e criar comunhão de mesa com os pagãos e os impuros. Foi
isto que Jesus ensinou no Sermão da Montanha como sendo uma expressão do amor
universal de Deus Pai. (Mt 5,44-48). A missão das comunidades era oferecer um
lugar aos que não tinham lugar. Mas esta nova lei não era aceita por todos. Em
algumas comunidades, as pessoas vindas do paganismo, mesmo sendo cristãs, não
eram aceitas na mesma mesa (cf. At 10,28; 11,3; Gal 2,12). O texto do evangelho
de hoje mostra como Jesus comia com publicanos e pecadores na mesma casa e na
mesma mesa.
* Mateus 9,11: A pergunta dos fariseus
Para os judeus era proibida a comunhão de mesa com
publicanos e pagãos, mas Jesus nem liga. Ele até faz uma confraternização com
eles. Os fariseus, vendo a atitude de Jesus, perguntam aos discípulos: "Por que o mestre de vocês come com os
cobradores de impostos e os pecadores?" Esta pergunta pode ser
interpretada como expressão do desejo deles de quererem saber por que Jesus
agia assim. Outros interpretam a pergunta como crítica deles ao comportamento
de Jesus, pois durante mais de quinhentos anos, desde os tempos do cativeiro na Babilônia até à
época de Jesus, os judeus tinham observado as leis da pureza. Esta observância
secular tornou-se para eles um forte sinal identidade. Ao mesmo tempo, era
fator de sua separação no meio dos outros povos. Assim, por causa das leis da
pureza, não podiam nem conseguiam sentar na mesma mesa para comer com pagãos.
Comer com pagãos significava contaminar-se, tornar-se impuro. Os preceitos da
pureza legal eram rigorosamente observados, tanto na Palestina como nas
comunidades judaicas da Diáspora. Na época de Jesus, havia mais de quinhentos
preceitos para preservar a pureza. Nos anos setenta, época em que Mateus
escreve, este conflito era muito atual.
* Mateus 9,12-13: Eu quero misericórdia e não
sacrifício
* Jesus
ouviu a pergunta dos fariseus aos discípulos e responde com dois
esclarecimentos. O primeiro é tirado do bom senso: "As pessoas que têm saúde não precisam de médico, mas só as que
estão doentes”. O outro é tirado da Bíblia: “Aprendam, pois, o que significa: Eu quero a misericórdia e não o
sacrifício”. Por meio destes dois esclarecimentos Jesus explicita e
esclarece a sua missão junto ao povo: “Eu
não vim para chamar os justos, e sim os pecadores". Jesus nega a crítica dos fariseus, nem
aceita os argumentos deles, pois nasciam de uma idéia falsa da Lei de Deus. Ele
mesmo invoca a Bíblia: "Eu quero
misericórdia e não sacrifício!" Para Jesus a misericórdia é mais
importante que a pureza legal. Ele apela para a tradição profética para dizer
que a misericórdia vale mais para Deus do que os todos sacrifícios (Os 6,6; Is
1,10-17). Deus tem entranhas de misericórdia, que se comovem diante das faltas
do seu povo (Os 11,8-9).
4) Para um confronto pessoal
1. Hoje, na nossa sociedade, quem é o marginalizado e
o excluído? Por que? Na nossa comunidade temos preconceitos? Quais? Qual o
desafio que as palavras de Jesus colocam para a nossa comunidade hoje?
2. Jesus manda o povo ler e entender o Antigo
Testamento que diz: "Quero
misericórdia e não sacrifício". O que Jesus quer com isto para nós
hoje?
5) Oração final (Sl 18/19a)
Seu
som ressoa e se espalha em toda a terra.
Os
céus proclamam a glória do Senhor,
e o
firmamento, a obra de suas mãos;
o
dia ao dia transmite essa mensagem,
a
noite à noite publica essa notícia.
Seu
som ressoa e se espalha em toda a terra.
Não
são discursos nem frases ou palavras,
nem
são vozes que possam ser ouvidas;
seu
som ressoa e se espalha em toda a terra,
chega aos confins do universo a sua voz.
Seu
som ressoa e se espalha em toda a terra.
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