(LECTIO
DIVINA)
Reflexões
de Pe. Thomaz Hughes, SVD
FESTA DA NOSSA SENHORA APARECIDA
1) Oração
Ó
Deus todo-poderoso, ao redermos culto à Imaculada Conceição de Maria, mãe de
Deus e senhora nossa, concedei que o povo brasileiro, fiel à sua vocação e
vivendo na paz e na justiça, possa chegar um dia à pátria definitiva. Por Nosso
Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (João 2,1-11)
Proclamação
do Evangelho de Jesus Cristo + segundo João
Naquele tempo, 2,1 três dias depois,
celebravam-se bodas em Caná da Galiléia, e achava-se ali a mãe de Jesus.
2
Também foram convidados Jesus e os seus discípulos.
3 Como viesse a
faltar vinho, a mãe de Jesus disse-lhe: "Eles já não têm vinho".
4
Respondeu-lhe Jesus: "Mulher, isso compete a nós? Minha hora ainda não
chegou".
5 Disse, então, sua mãe aos serventes: "Fazei o
que ele vos disser".
6 Ora, achavam-se ali seis talhas de
pedra para as purificações dos judeus, que continham cada qual duas ou três
medidas.
7 Jesus ordena-lhes: "Enchei as talhas de água".
Eles encheram-nas até em cima.
8 "Tirai agora",
disse-lhes Jesus, "e levai ao chefe dos serventes". E levaram.
9
Logo que o chefe dos serventes provou da água tornada vinho, não sabendo de
onde era (se bem que o soubessem os serventes, pois tinham tirado a água),
chamou o noivo
10 e disse-lhe: "É costume servir primeiro o
vinho bom e, depois, quando os convidados já estão quase embriagados, servir o
menos bom. Mas tu guardaste o vinho melhor até agora".
11 Este
foi o primeiro milagre de Jesus; realizou-o em Caná da Galiléia. Manifestou a
sua glória, e os seus discípulos creram nele.
- Palavra da Salvação.
3) Reflexão
A
primeira parte do Quarto Evangelho é comumente chamada “O Livro dos Sinais”, pois, o evangelista relata uma série de sete
sinais que, passo por passo, revelam quem é Jesus, e qual é a missão d’Ele
(embora algumas bíblias traduzam o termo grego por “milagre”, a tradução mais correta é: “Sinal”). O primeiro desses sinais aconteceu no contexto das bodas
de Caná, o nosso texto de hoje. Como quase todo o Evangelho de João, o relato
está carregado de simbolismos, onde pessoas, números e eventos funcionam
simbolicamente, para nos levar além da superfície das coisas, em uma caminhada
de descoberta sobre a pessoa de Jesus.
Um dos temas centrais
do quarto evangelho é o da “hora” de Jesus. A “hora” não se refere à
cronometria, mas à hora de glorificação de Jesus, por sua morte e ressurreição.
Em resposta ao pedido feito por Maria (note que João nunca se refere a Ela pelo
nome, mas pelo título “mulher”), usando de uma maneira um tanto estranha este
termo para a mãe d’Ele, João quer indicar que Jesus rejeita uma esfera
meramente humana de ação para Maria, para reservar para Ela um papel muito mais
rico, ou seja, o da mãe dos seus discípulos. Maria somente vai aparecer mais
uma vez neste evangelho - ao pé da cruz, onde Ela e o Discípulo Amado assumem
um relacionamento de Filho e Mãe. Devemos lembrar que o Discípulo Amado simboliza
a comunidade dos discípulos/as do Senhor.
Não devemos reduzir a
ação da Maria no texto à de uma incomparável intercessora. Embora seja comum
esta interpretação na devoção popular, não se sustenta do ponto de vista
exegético. É melhor ver Maria aqui como discípula exemplar, pois embora a
resposta de Jesus indique um distanciamento entre a sua expectativa e a visão
d’Ele, Ela continua com confiança n’Ele e leva outros a acreditar nele: “Façam
tudo o que Ele lhes disser”.
O simbolismo da água
tornada vinho é também importante. Não era qualquer água - era a água da
purificação dos judeus. Com essa história, João quer mostrar que doravante os
ritos judaicos de purificação estão superados, pois a verdadeira purificação
vem através de Jesus. Podemos entender isso como a mudança de uma prática
religiosa baseada no medo do pecado, uma prática que excluía muita gente
considerada impura, para uma nova relação entre Deus e a humanidade, a partir
de Jesus. Assim, em Caná Jesus começa a substituir as práticas do judaísmo do
Templo, o que vai continuar ao longo do Evangelho de João.
A quantia do vinho
chama a atenção - 600 litros! O vinho em abundância era símbolo dos tempos
messiânicos, e na tradição rabínica, a chegada do Messias seria marcada por uma
colheita abundante de uvas. Assim João quer dizer que a expectativa messiânica
se realiza em Jesus. E as talhas transbordantes simbolizam a graça abundante
que Jesus traz.
A
figura do mestre-sala é também simbólica, bem como a dos serventes. Aquele que
devia saber a origem do vinho da festa, não o sabia, enquanto estes, sabiam.
Assim, o mestre-sala representa os chefes do Templo que não sabiam a origem de
Jesus enquanto os servos representam os discípulos que acreditaram n’Ele.
Fazendo
comparação entre o vinho antigo e o novo, João quer reconhecer que a Antiga
Aliança era boa, mas a Nova a superou. Os ritos e práticas judaicos, ligados à
purificação e ao sacrifício, não têm mais sentido, pois uma nova era de
relacionamento entre a humanidade e Deus começou em Jesus.
O ponto culminante do
relato está em v. 11: “Foi em Caná que Jesus começou os seus sinais, e os seus
discípulo acreditaram n’Ele”. A fé deles não é intelectual ou teórica, mas o
seguimento concreto do Mestre, na formação de novos relacionamentos de amor.
Passo por passo, o autor vai revelando Jesus através de sinais para que nós, os
leitores, possamos “acreditar que Jesus é o Messias, o Filho de Deus. E para
que, acreditando, tenhamos a vida em seu nome” (Jo 20, 31).
4) Para um confronto pessoal
1) Maria diz: “Fazei tudo o que ele vos disser”. Como
estou colocando em prática estas palavras da Mãe de Deus?
2) Percebo os sinais de Deus na vida e no mundo? Sou
um sinal de Deus para os outros?
5) Oração final
Escutai, minha filha,
olhai, ouvi isto:
que o rei se encante com
vossa beleza!
Escutai, minha filha,
olhai, ouvi isto:
"Esquecei vosso povo e
casa paterna!
Que o rei se encante com
vossa beleza!
Prestai-lhe homenagem: é
vosso senhor!
O povo de Tiro vos traz
seus presentes,
os grandes do povo vos
pedem favores.
Majestosa, a princesa real
vem chegando,
vestida de ricos brocados
de ouro.
Em vestes vistosas ao rei
se dirige,
e as virgens amigas lhe
formam cortejo;
entre cantos de festa e com
grande alegria,
ingressam, então, no
palácio real" (Sl 44 / 45)
BREVE HISTÓRIA DE NOSSA SENHORA APARECIDA
A história de Nossa Senhora da Conceição Aparecida
tem seu início pelos meados de 1717, quando chegou a notícia de que o Conde de
Assumar, D. Pedro de Almeida e Portugal, Governador da Província de São Paulo e
Minas Gerais, iria passar pela Vila de Guaratinguetá, a caminho de Vila Rica,
hoje cidade de Ouro Preto (MG).
Convocados pela Câmara de Guaratinguetá, os
pescadores Domingos Garcia, Filipe Pedroso e João Alves saíram à procura de
peixes no Rio Paraíba. Desceram o rio e nada conseguiram.
Depois de muitas tentativas sem sucesso, chegaram
ao Porto Itaguaçu, onde lançaram as redes e apanharam uma imagem sem a cabeça,
logo após, lançaram as redes outra vez e apanharam a cabeça, em seguida lançaram
novamente as redes e desta vez abundantes peixes encheram a rede.
A imagem ficou com Filipe, durante anos, até que a deu de presente ao seu filho. Este, usando de amor à Virgem, fez um oratório simples,
onde passou a se reunir com os familiares e vizinhos, para receber todos os sábados
as graças do Senhor por Maria. A fama dos poderes extraordinários de Nossa
Senhora foi se espalhando pela região.
Por volta de 1734, o Vigário de Guaratinguetá
construiu uma Capela no alto do Morro dos Coqueiros, aberta à visitação pública
em 26 de julho de 1745. Mas o número de fiéis aumentava e, em 1834, foi
iniciada a construção de uma igreja maior (atual Basílica Velha).
No ano de 1894, chegou a Aparecida um grupo de
padres e irmãos da Congregação dos Missionários Redentoristas, para trabalhar
no atendimento aos romeiros que acorriam aos pés da Virgem Maria para rezar com
a Senhora "Aparecida" das águas.
O Papa Pio X em 1904 deu ordem para coroar a imagem
de modo solene. No dia 29 de abril de 1908, a igreja recebeu o título de Basílica
Menor. Grande acontecimento, e até central para a nossa devoção à Virgem, foi
quando em 1929 o Papa Pio XI declarou Nossa Senhora Aparecida Padroeira do
Brasil, com estes objetivos: o bem espiritual do povo e o aumento cada vez
maior de devotos à Imaculada Mãe de Deus.
Em 1967, completando-se 250 anos da devoção, o Papa
Paulo VI ofereceu ao Santuário de Aparecida a Rosa de Ouro, reconhecendo a
importância do Santuário e estimulando o culto à Mãe de Deus.
Com o passar do tempo, a devoção a Nossa Senhora da
Conceição Aparecida foi crescendo e o número de romeiros foi aumentando cada
vez mais. A primeira Basílica tornou-se pequena. Era necessária a construção de
outro templo, bem maior, que pudesse acomodar tantos romeiros. Por iniciativa
dos missionários Redentoristas e dos Senhores Bispos, teve início, em 11 de
novembro de 1955, a construção de uma outra igreja, a atual Basílica Nova. Em
1980, ainda em construção, foi consagrada pelo Papa João Paulo ll e recebeu o título
de Basílica Menor. Em 1984, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB)
declarou oficialmente a Basílica de Aparecida Santuário Nacional, sendo o
"maior Santuário Mariano do mundo".
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