sábado, 13 de setembro de 2014

14 de Setembro - EXALTAÇÃO DA SANTA CRUZ


REZANDO COM O EVANGELHO DO DIA

(LECTIO DIVINA)

Pe.  Tomaz Hughes, SVD

14 de Setembro - EXALTAÇÃO DA SANTA CRUZ


Exaltação da Santa Cruz


1) Oração



Ó Deus, que, para salvar a todos, dispusestes que o vosso Filho morresse na cruz, a nós, que conhecemos na terra esse mistério, dai-nos colher no céu os frutos da redenção. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.


Evangelho - Jo 3,13-17

+ Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo João

Naquele tempo, disse Jesus a Nicodemos: 3,13"Ninguém subiu ao céu, a não ser aquele que desceu do céu, o Filho do Homem. 14Do mesmo modo como Moisés levantou a serpente no deserto, assim é necessário que o Filho do Homem seja levantado,  15para que todos os que nele crerem tenham a vida eterna. 16Pois Deus amou tanto o mundo, que deu o seu Filho unigênito, para que não morra todo o que nele crer, mas tenha a vida eterna. 17De fato, Deus não enviou o seu Filho ao mundo para condenar o mundo, mas para que o mundo seja salvo por ele". Palavra da Salvação.

COMENTÁRIO


Essa festa litúrgica tem destaque maior nas Igrejas do Oriente, onde é comparada com a Festa de Páscoa. A sua celebração tem as suas origens ligadas à dedicação das basílicas constantinianas construídas nos lugares tradicionalmente identificados com Calvário e o Santo Sepulcro.
O título “Exaltação da Santa Cruz” chama a atenção, pois destaca o grande paradoxo da nossa fé - foi exatamente através da Cruz, o mais terrível entre os suplícios, que veio a salvação. Humanamente falando, a morte de Jesus na cruz significava o fracasso total da sua vida e missão, mas, de fato, escondia a vitória de Deus sobre o mal, da vida sobre a morte, da graça sobre o pecado - uma vitória que se manifestaria ao terceiro dia, na Ressurreição. No mistério pascal da vida-morte-ressurreição de Jesus verifica-se o que proclama Paulo na Primeira Carta aos Coríntios: “Deus escolheu o que é loucura no mundo, para confundir os sábios; e Deus escolheu o que é fraqueza no mundo, para confundir o que é forte. E aquilo que o mundo despreza, acha vil e diz que não tem valor, isso Deus escolheu para destruir o que o mundo pensa que é importante.” (1Cor 1, 27s).
Torna-se muito importante resgatar uma sadia teologia e espiritualidade da Cruz. De um lado temos que superar uma pregação errada que identificava a Cruz com qualquer sofrimento, como se o sofrimento em si fosse um valor positivo. Quantas pessoas sofreram injustiças a vida toda, aguentando situações quase insuportáveis, por causa de tal pregação que levava à passividade diante das injustiças e opressões. No fundo, faziam de Deus um sádico! Do outro lado, na sociedade de hoje, a Cruz não está muito popular, pois o sacrifício, a autodoação em favor de outros, está na contramão da sociedade hedonista e consumista. Até dentro da Igreja muitas vezes há uma busca da Ressurreição e vitória, sem que se mencione que o triunfo de Jesus veio através de uma vida de doação que o levou à cruz - e como consequência dessa coerência, à Ressurreição.
A festa de hoje celebra a Cruz, não o sofrimento. Jesus não nos salvou porque sofreu três horas na cruz - ele nos salvou porque a sua vida foi totalmente fiel à vontade do Pai. Por causa dessa fidelidade, as suas opções concretas o colocaram em conflito com as estruturas de dominação sócio-político-religiosas, o que causou o seu assassinato judicial. A morte de Jesus foi muito mais do que uma tentativa de eliminar alguém que incomodasse! Era tentativa de aniquilar o seu movimento, a sua pregação, a visão de Deus e do projeto de Deus que Ele ensinava. A Cruz então se tornava o símbolo de doação total através de uma vida de fidelidade absoluta ao projeto do Pai. Era o último passo de coerência, consequência lógica da fidelidade à vontade de Deus.
Assim, Jesus deixa bem claro nas páginas dos Evangelhos que a Cruz é a característica do discípulo/a. “Se alguém quer me seguir, renuncie-se a si mesmo, tome a sua cruz, e me siga.” (Mc 8, 24). Jesus não nos convida a buscar o sofrimento, mas a carregar a cruz - consequência de uma religião que é vivencial, que acarreta ações e atitudes coerentes com o Deus em que acreditamos, e que traz em seu bojo as sementes de conflito com todo poder opressor, pois “os meus projetos não são os projetos de vocês, e os caminhos de vocês não são os meus caminhos” (Is 55, 8).
Paulo descobriu que pregar Cristo sem a Cruz era esvaziar a evangelização. Assim declara à comunidade de Corinto: “Entre vocês eu não quis saber outra coisa a não ser Jesus Cristo e Jesus Cristo crucificado.”(1Cor 2, 2). A Cruz de Cristo é inseparável da sua vida, pois é a consequência dela. Mas, a Cruz também não se separa da Ressurreição, pois ela é o resultado de tal coerência e fidelidade. A festa de hoje nos desafia para que respondamos ao convite de Jesus para carregar a nossa cruz numa vida de discipulado e missionariedade, continuando a sua missão ao mundo. Pois, como diz o nosso texto hoje, “Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para condenar o mundo, mas para que o mundo seja salvo por meio dele” (Jo 3, 17)

 Salmo - Sl 77(78),1-2.34-35.36-37.38 (R. cf. 7c)


R. Das obras do Senhor, ó meu povo, não te esqueças!


77,1Escuta, ó meu povo, a minha Lei,*
  ouve atento as palavras que eu te digo;

2abrirei a minha boca em parábolas,*
  os mistérios do passado lembrarei.

R. Das obras do Senhor, ó meu povo, não te esqueças!


34Quando os feria, eles então o procuravam,*
   convertiam-se correndo para ele;

35recordavam que o Senhor é sua rocha*
   e que Deus, seu Redentor, é o Deus Altíssimo.

R. Das obras do Senhor, ó meu povo, não te esqueças!


36Mas apenas o honravam com seus lábios*
   e mentiam ao Senhor com suas línguas;

37seus corações enganadores eram falsos*
   e, infiéis, eles rompiam a Aliança.

R. Das obras do Senhor, ó meu povo, não te esqueças!


38Mas o Senhor, sempre benigno e compassivo,*
   não os matava e perdoava seu pecado;
   quantas vezes dominou a sua ira*
   e não deu largas à vazão de seu furo.

R. Das obras do Senhor, ó meu povo, não te esqueças!





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